O tímido, em geral, se cola ao rótulo da timidez e se torna responsável por perpetuar comportamentos que limitam sua participação no mundo. Não se é tímido, a timidez se traduz em comportamentos. É uma conseqüência do medo de errar, medo de ser inadequado, de não ser aceito pelos outros.
Timidez não é doença, mas pode evoluir para isso. O tímido tem pensamentos negativos e de inferioridade sobre si mesmo, e com isso sua auto-estima fica baixa. O indivíduo vai se entristecendo e podem surgir-lhe problemas emocionais, como a depressão.
O tímido, muitas vezes, torna-se refém de seu medo, não se permite arriscar e pode passar a imagem de antipático ou arrogante, quando, na verdade, é seu mecanismo de proteção e defesa. Vale notar que o verbo intimidar mostra a íntima relação que existe entre timidez e medo.
Para transformar a timidez, é preciso destravar o botão que o mantém ligado ao que os outros vão pensar de você. Depende da decisão de promover novos hábitos. Como um atleta que não nasce pronto, mas cumpre uma programação de exercícios físicos, alimentação correta, sono regular, libertar-se da timidez também exige mudanças no modo de pensar e de atuar no mundo.
Desligar-se da opinião dos outros; cuidar para não ficar se julgando e ruminando palavras ditas ou não ditas; experimentar novas formas de se comunicar, mesmo que isso não seja confortável, pode fazer toda diferença.
O medo é o inimigo interno do tímido, o perigo que o ameaça sem estar ligado a evidências concretas. O que assusta e alimenta a timidez é o medo dos próprios fantasmas.
Quando se está consciente, atento e no exercício da auto-observação, é possível perceber com clareza que a ansiedade, a angústia, o nervosismo, sem motivos aparentes, surgem como manifestações do medo. Ao perceber isso, a pessoa adquire a capacidade de superar o que quer que esteja sentindo.
Tímido ou introvertido?
Uma coisa é ficar sem jeito em determinada situação, como falar em público, outra é não conseguir interagir, fazer amigos, falar com estranhos. A timidez transitória é natural até nos primeiros encontros de um relacionamento afetivo, pois quem quer conquistar tem que se expor. É importante também diferenciar a personalidade introvertida da tímida. A pessoa retraída, discreta, interage com as demais, tem relacionamento social, embora sinta-se mais confortável ao observar do que ao falar.
Excesso de confiança
Já o tipo expansivo demais, falante, que transpira autoconfiança por todos os poros, pode também estar usando isso como máscara para encobrir suas inseguranças. Tudo que é extremado não é espontâneo. Passar por cima de tudo que nem um trator também é uma forma de se proteger e, principalmente, negar fragilidades. O mundo competitivo atual valoriza a luz, a força, o desempenho, negando que temos sombra, erros, medos.
O caminho para enfrentar essa situação é assumir os erros e acertos, admitir as dificuldades, olhar para si mesmo e entender que a timidez é obstáculo, mas não impedimento.
Exercite a comunicação, falando com o maior número de pessoas que conseguir. Mostre interesse pela vida do outro, descubra pontos em comum para manter uma conversação, expresse suas opiniões com tranqüilidade.
Você poderá superar o medo e a timidez quando começar a realizar os desejos acalentados por seu coração. Dedique sua atenção e devote-se, imediatamente, ao seu desejo, que é o oposto do seu medo. Este é o amor que expulsa o medo. Enfrente seus temores, traga-os à luz da razão. Aprenda a rir dos seus temores. Esse é o melhor remédio.